Flamengo faz último jogo de sua história no League of Legends

Relembre trajetória do clube do carioca desde a estreia até a saída da modalidade

Autor: Matheus Celani

25/08/2022

Com a derrota na última terça-feira contra a RED Canids pelo CBLOL Academy, chegou ao fim a história do Flamengo no League of Legends. O clube carioca, campeão em 2019,entrou no cenário de LOL em 2018 disputando o antigo Circuito Desafiante e com nomes fortes da modalidade, como esA e brTT. Desde o principio a equipe mostrou que iria investir forte, porém, após o título a instituição decidiu vender os direitos de esportes eletrônicos para a empresa americana Simplicity. A partir desse momento uma série de criticas e escândalos desgastou a imagem do clube, até o anúncio da venda da vaga para Los Grandes em junho de 2022.

Vamos repassar a trajetória do clube rubro negro desde o inicio até a saída.

Circuito Desafiante 2018.1º split

Foi feita uma seletiva para a formação do primeiro elenco que representaria o Flamengo, mas nenhum dos jogadores foi utilizado. Pouco tempo depois o Fla anunciou a escalção titular que disputaria a competição, recheada de nomes conhecidos.  O time treinado por Gabriel MiT era formado pelo coreano Jisu no topo, SirT na selva, Evrot no meio, brTT como atirador e esA na função de suporte.

Algo não muito comum na “série b” do CBLOL o elenco era formado por três vencedores do principal torneio do país. MiT, SirT e brTT levantaram o trofeu em 2015 pela paiN Gaming.

Divulgação/Flamengo

O vencedor do Circuitão ganhava vaga direta para o CBLOL, porém o clube perdeu  para Ilha da Macacada e não conquistou a vaga. As esperanças se voltaram para série de promoção e ao vencer a TeamOne por 3 a 2, no primeiro semestre competitivo já estava apto a disputar a elite nacional.

Estreia no CBLOL 2º split 2018 

Apesar de recente no cenário, o time manteve a política de investir forte. Foram anunciados dois reforços, o midlaner Goku e o caçador sul coreano Shrimp.

O Flamengo chegou à final do split para enfrentar a Kabum, que vinha em ótima fase com o título da primeira etapa. Acabaram derrotados por 3 a 2, mas nada que desmotivou, chegar à final nos primeiros seis meses de competição demonstrava que a filosofia estava certa e o futuro reservava grandes conquistas.

2019 e a primeira grande frustração

Mais uma vez mudanças foram feitas, saíra Jisu e esA e em seus lugares chegaram Robo e Luci, mais um coreano para a equipe. O Mais Querido foi dominante em toda fase de pontos do primeiro split, terminando em primeiro lugar e foi para os playoffs como favorito. A derrota na final para INTZ foi um baque, após a grande campanha era o terceiro vice seguido da organização.

A final no Rio de Janeiro e o primeiro título de CBLOL

Em junho foi anunciado pela Riot Games que a final da segunda etapa seria realizada na Jeunesse Arena, Rio de Janeiro. Motivado para decidir em casa, a equipe se manteve em alto nível na fase de pontos, mais uma vez muito dominante. E com a vitória por 3 a 0 sobre a Uppercut na semifinal se garantiu na terceira decisão consecutiva.

A pressão sobre a equipe era clara, vencer o primeiro título na frente de sua torcida ou amargar o quarto vice seguido e aumentar a desconfiança sobre o projeto, que já tinha alguns críticos. O cenário não poderia ser mais perfeito. Com o ginásio lotado o Flamengo enfrentou novamente a INTZ, mas dessa vez saiu vitorioso com um 3 a 2 no placar, garantindo o troféu e a vaga para o mundial.

Divulgação/Riot Games Brasil

Licenciamento da marca e saída de brTT

Logo após o fim do campeonato mundial rumores que o clube gostaria de licenciar a marca passaram a sair na imprensa. Até então os Esports eram geridos pela G04It junto ao departamento de marketing. Os rumores se confirmaram e o Flamengo licenciou a utilização da marca de Esports para TeamOne, que havia sido rebaixada no mesmo ano.

Quando confirmado, principal jogador do time e ídolo da torcida, Felipe brTT anunciou que estava saindo da organização e fez duras críticas as movimentações que aconteciam. No comunicado a estrela disse que “estão tendo muitas mudanças na administração do Flamengo no Esports e eu nem sei mais se posso chamar de Flamengo ou se é só um time carregando o nome. Mas eu preciso ser fiel a vocês e dizer que não confio no novo projeto”.

Outros jogadores da campanha do título também deixaram o time, sobrando apenas Goku e Luci.

CBLOL 2020 

A TeamOne não assumiu sozinha a marca, na realidade o acordo foi feito com a Simplicity, uma empresa americana e a TeamOne auxiliava principalmente com local de treino e comissão técnica. Apesar de toda confusão, o Flamengo montou um bom elenco para o CBLOL de 2020. O sul coreano Woofe para o topo, Ranger bicampeão com a Kabum para selva, Goku no meio, Absolut como atirador e Luci para suporte. Infelizmente Luci sofreu com muitos problemas de saúde e o time trouxe a revelação brasileira Jojo para substituí-lo.

Com altos e baixos o clube carioca chegava a sua quinta final seguida, uma clara demonstração de força. Porém mais uma vez saiu derrotado, novamente para a equipe da Kabum, por 3 a 0.

Saída da TeamOne e o começo do fim 

Ainda durante a primeira etapa, Jed Kaplan dono da Simplicity, anunciou que a TeamOne não fazia mais parte da gerencia de Esports. Com discursos firmes o americano dava sensação de estar envolvido com o projeto e disposto a levar o Mengo de volta ao topo. Porém com o passar do tempo os problemas começaram a aparecer.

Pela primeira vez desde que entrou na modalidade, em 2018, a equipe ficou de fora da final e sim não conseguiu ficar entre os quatro primeiros, ficando fora inclusive dos playoffs do segundo split de 2020.

É verdade que o Mundo sofreu com a pandemia de covid, o que dificultou a administração de uma empresa sediada fora do Brasil. Mas as ações da Simplicity foram muito abaixo do esperado, nenhum representante veio para o país, e além disso os jogadores foram obrigados a improvisar um centro de treinamento na casa do jogador da rota do meio Goku durante a primeira etapa.

O começo das franquias e a promessa de mudança

Em 2021 a Riot Games anunciou que Brasil começaria a funcionar no mesmo sistema de franquias que as outras regiões. O Circuito Desafiante foi extinto e todos os times selecionados para a nova fase da competição deveriam montar equipes academy. Uma das obrigações para poder fazer parte do modelo era comprovar situação financeira e estrutura. Após aprovado nos quesitos, houve por parte da torcida uma esperança de que o time se tornasse mais organizado e voltasse ao caminho das vitórias.

A diretoria voltou a investir forte no time e contratou o topo Parang, o meio Tutz e o suporte Redbert. Goku, ídolo da torcida e ultimo remanescente do título, passou por problemas pessoais e decidiu ir para o academy.

Para a comissão técnica a organização americana escolheu Pades, que havia sido campeão da liga turca com a SuperMassive. Entretanto o elenco teve problemas com a forma que o treinador lidava com os problemas e seu temperamento. O caçador Ranger chegou a dar uma entrevista e fez duras críticas aos bastidores do Flamengo enquanto Pades era o treinador. Veja o que falou o caçador:

O segundo split de 2021 também não foi dos melhores, classificados para os playoffs depois de boa fase de pontos, acabaram eliminados para RED Canids que se sagraria campeã no fim do torneio.

Problemas no principal, Academy vencedor 

Se o projeto no time principal não ia bem, o academy do Flamengo dominava a categoria. Com dois splits perfeitos, o primeiro comandado por Goku, agindo como regente dos novatos em competições e muita desenvoltura de garotos que chegariam ao profissional futuramente.

No segundo split de 2021 a equipe contratou uma sensação do cenário de LOL brasileiro. Jean Mago foi escolhido para ser o novo nome da rota do meio, junto com a volta de Boal os dois mostraram um desemprenho individual impressionante e levaram o time ao segundo título consecutivo. O primeiro inclusive ganhou o prêmio de melhor jogador da temporada.

Divulgação/Riot Games Brasil

 

Escândalos na mídia desgastam de vez imagem da Simplicity

No fim de 2021 uma matéria publicada pela ESPN chocou a todos. Era sabido que a Simplicity tinha problemas de administração das equipes, mas foram divulgadas denúncias de chantagem, espionagem, atrasos salariais e falta de comida para os garotos do academy. Em resposta a Simplicity alegou problemas com o sistema bancário brasileiro, e por isso os salários não eram depositados nos dias combinados. Negou todas as outras informações.

A madrinha de um dos jogadores do time, Blacky, se manifestou em redes sociais e deu sua versão dos fatos, na mesma direção do apontado pela ESPN.

 2022: O ano da despedida 

O ano de 2022 começou muito parecido com o anterior, o time principal com mudanças e dificuldades dentro de jogo. Pela segunda vez  a equipe não fará parte dos playoffs do CBLOL. Enquanto isso o academy indo muito bem, o time venceu a primeira etapa mesmo com diversas modificações na escalação.

Divulgação/Riot Games Brasil

Em maio veio a notícia que os torcedores temiam, a Los Grandes anunciou a compra de 20% da  Simplicity Brasil, responsável pela vaga no CBLOL. Posteriormente foi anunciado que com aval da Riot Games Brasil, o time estava liberado para compra de 100%, o que foi feito. A partir desse momento o antigo Flamengo Esports se chamaria Flamengo Los Grandes, mas apenas por questões contratuais, toda a administração já estava sendo feita pela Los.

Mesmo assim, o time continuava com o nome Flamengo e  uniforme da equipe rubro negra. Isso levou a torcida, que aprendeu a se apaixonar pelos Esports a torcer um último split pelo time. Eliminado na fase de pontos do CBLOL a equipe academy ainda buscava o tetracampeonato. Mas com a derrota para a RED na última terça-feira(23) chegou a fim a história do Flamengo no League of Legends, pelo menos por enquanto.